O anel episcopal

“O anel, insígnia da fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa, deve o Bispo usá-lo sempre” (Cerimonial dos Bispos, n. 58).

O simbolismo do anel é antiquíssimo: no Egito Antigo, por sua forma circular, era símbolo da eternidade e da fidelidade; na Grécia e em Roma, usado para selar documentos importantes, era sinal da dignidade de quem o portava.

No cristianismo, foi mantida esta dupla dimensão em relação ao anel. Assim, no caso do Bispo, o anel recorda primeiramente sua união à Igreja, à qual o bispo é chamado a ser fiel, como indica a oração que acompanha a imposição do anel na Ordenação Episcopal:

“Recebe este anel, símbolo da fidelidade; e com fidelidade invencível guarda sem mancha a Igreja, esposa de Deus”

(Pontifical Romano, Rito de Ordenação de um Bispo, p. 79)

Papa Francisco entrega o anel a um Bispo

Por expressar igualmente a dignidade do Bispo como Sumo Sacerdote, o anel é, por venerável costume, beijado pelos fieis ao saudar o Bispo. Este gesto não se dirige à pessoa do Bispo, mas à pessoa de Cristo, que ele representa.

O então Cardeal Bergoglio (hoje Papa Francisco) beija o anel de seu predecessor, São João Paulo II

O Papa São João Paulo II, em seu livro “Levantai-vos! Vamos!” dá mais um significado a esta insígnia: “O anel me lembra igualmente a necessidade de ser um ‘elo’ firme na cadeia de sucessão que me une aos Apóstolos” (p. 49).

O anel passa a ser considerado como insígnia episcopal a partir do século VII. Seu uso, porém, provavelmente originou-se antes, dado seu caráter funcional como selo, autenticando documentos importantes.

O Papa Inocêncio III (1198-1216) determinou que os anéis episcopais deveriam ser de ouro, com uma pedra preciosa incrustrada. Atualmente isto não é obrigatório, sendo mais comum o anel com algum símbolo sacro (como uma cruz, por exemplo).

Anel com pedra preciosa (nota-se ao lado o monograma de Cristo)

O anel é imposto no dedo anular da mão direita do Bispo em sua Ordenação, pelo Sagrante principal. É a primeira das insígnias entregues ao Bispo, logo após a entrega do Livro dos Evangelhos.

O Bispo não necessita usar sempre o anel que recebeu na Ordenação: pode usar outros. Contudo, só deve estar sem o anel na Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa (Cerimonial dos Bispos, n. 315). Além disso, se o desejar, pode retirar o anel para lavar as mãos na Missa (n. 150) e, analogamente, em todas as vezes que tiver de lavar as mãos (após o Lava Pés, após a imposição das cinzas ou após as unções sacramentais), mas repondo-o logo em seguida.

Papa Francisco na Celebração da Paixão, claramente sem anel

Os Cardeais, durante o Consistório em que são elevados a tal dignidade, recebem do Papa um novo anel, como expressão da unidade do Colégio Cardinalício. Sobre a entrega do anel aos Cardeais, confira a postagem sobre o rito do Consistório.

Da mesma forma, o Papa recebe um novo anel, que lhe é imposto pelo Decano do Colégio Cardinalício, na Missa de início do Ministério Petrino. É o chamado Anel do Pescador (Anulus Piscatoris), que possui gravado algum símbolo ligado a São Pedro e o nome do Pontífice.

Anel do Pescador (Anulus Piscatoris) de Bento XVI

O Papa, porém, não está obrigado a usá-lo sempre, podendo substituí-lo por outro anel episcopal (o Papa Bento optou por usar apenas o Anel do Pescador, enquanto Francisco o usa apenas nas grandes solenidades). Por fim, cumpre dizer que o Anel do Pescador é destruído quando da morte ou renúncia do Papa (Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, n. 13).

Papa Francisco recebendo o Anel dos Pescador (19.03.2013)

FONTE: http://pilulasliturgicas.blogspot.com/2014/08/o-anel-episcopal.html?m=1

error: Esse conteúdo é protegido.
Rolar para cima