Conheça a vida de
Santa Hildegarda de Bingen
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Nascimento
Hildegard von Bingen nasceu em Bermersheim, perto de Alzey, como a décimo filha do nobre Hildebert von Bermersheim e sua esposa Mechthild e desde os quatro anos já recebia revelações Divinas.
Era uma criança de saúde frágil, ao ponto que no livro Liber Divinorum Operum ela se refere em terceira pessoa nos termos: “No dia do seu nascimento ela vive como uma prisioneira em uma rede de doenças atrozes que constantemente à paralisavam de dor, nas veias, na medula, e na carne.
8 anos
Com a idade de 8 anos, em 10 de novembro de 1106, Hildegarda é entregue por seus genitores ao monastério beneditino de Disibodenberg, sobre a tutela de Jutta, a 22ª filha do Conde de Sponheim. Hildegarda também expressava o desejo de dedicar-se a Deus, além de ser uma tradição da época que o décimo filho fosse destinado, ainda pequeno, a vida religiosa.
15 anos
Aos cerca de 15 anos, Hildegard faz os votos sagrados e se torna beneditina.
38 anos
Em 22 de dezembro de 1136 Jutta falece e Hildegarda é eleita a nova abadessa do mosteiro de Disibodenberg, até então, Santa Hildegarda mantém em segredo suas visões reservando somente a Jutta.

Quase aos 43 anos
Próximo aos quarenta e três anos é tomada pela Luz Viva do Espírito Santo, que através de visões, revela a ela o saltério, o evangelho, as obras e criações Divina. Escrevem Gottfried e Theoderic que Hildegarda afirma no seu livro Scivias:
"Quando eu tinha quarenta e dois anos e sete meses, uma luz ígnea de brilho intensíssimo, que descia do céu aberto, atravessou completamente minha mente e inflamou o meu coração e o meu peito, como uma chama que não queimava, mas aquecia; assim como o sol aquece aquilo sobre que os seus raios incidem. Mas, de repente, tive a plena consciência e compreensão de livros como o Saltério, o Evangelho e outros textos católicos, tanto do Antigo como do Novo Testamento, embora eu não conhecesse o significado daquelas palavras nem a divisão das sílabas nem as declinações nem as conjunções. "
A partir desse tempo ela começa confiar a revelação de suas visões, ao seu amigo monge, Volmar. Acamada por uma forte doença originada pelo seu medo em escrever o que a luz viva lhe pedia, ela recebe apoio do Espírito Santo para restabelecer sua saúde, e passa contar com a colaboração de seu amigo, então e começa escrever o Scivias

Ao seu lado tem a ajuda constante do monge Volmar. A realização de Scivias exige 10 anos de trabalho, sempre permeado de temores e constantes dúvidas sobre escrever ou não suas visões.
Mas volmar foi seu diretor espiritual sempre auxiliando ela no discernimento das visões e nas palavras a serem escritas.
Santa hidegarda tinha as visões em transe? Não, ela sempre estava totalmente consciente.
Em suas palavras no Scivias: “As visões que tive, não as percebi em sonhos ou dormindo, nem em estado de frenesi ou com olhos e ouvidos corporais e não as percebi em lugares escondidos, mas as recebi segundo a vontade de Deus quando Eu estava acordada, observando na mente pura com os olhos e ouvidos internos em lugares abertos” ... continua ... “Eu não estudei o significado das palavras deste texto, nem as regras gramaticais, nem seu tempo e uso".
Quando Santa Hildegarda nos descreve isso, esclarece qualquer tipo de dúvidas sobre o que ela escreve ser fruto de leituras densas e complexas, e escritos de medicina. Creio sim, que a santa tenha tido acesso a muitos conhecimentos da época, mas acredito que foram todos iluminados pelos dons do Espírito Santo; por observação e por experiencia empírica. Em suas cartas é possível concluir que ela sabia avaliar o bem e o mal, o correto do incorreto, a humildade da arrogância, o mundo espiritual e o mundo matéria.
Isso é típico dos místicos, que conseguem ter acesso a muitos mistérios celestiais e compreendem a presença mística do poder da Santa trindade em toda sua criação. Hildegarda soube muito tempo observar as criações terrenas e aplicar em forma de medicina e ensinamento para todos nós o que ela via na natureza e sobrenatureza.
Ela conseguia ver a alma, as intenções e os pecados das pessoas, bem como, o lodo de vícios e doenças espirituais onde esta pessoa estava se envolvendo, e isso é evidente em suas cartas, advertindo monges e reis sobre suas más escolhas. Vê-se que foi uma mística com forte observação da realidade e porta voz de Deus.
Na Vita Sactae Hildegardis, escrito por dois monges da comunidade masculina de Disibodenberg eles nos deixam perceber que ela não era uma mulher prepotente e nervosa, mantendo-se forte em cada situação. Não se deixava amedrontar quando era reprovada e muito menos seduzir-se por um elogio. A sua firmeza era acompanhada de amizades e da sua língua escorriam palavras mais doce que o mel.

O primeiro e mais importante livro, Scivias, de fato dá-lhe certa notoriedade e é lido, graças a São Bernardo de Claraval e aos cardeais do Concílio de Treveris, convocados pelo Papa Eugênio III, onde ele o próprio papa lê alguns trechos do Scivias. Este se entusiasma com a obra e, após verificar a autenticidade das visões, encoraja a mística a continuar escrevendo o que lhe é revelado e, publicá-lo. Icone de Bernardo de Claraval promoveu seus escritos por toda a Europa com a ordem cisterciense. Como argumenta Bento XVI em sua carta apostólica: “A partir daquele momento (reconhecimento e aprovação pelo Papa Eugênio III) o prestígio espiritual de Hildegarda cresceu cada vez mais, tanto que seus contemporâneos atribuíram o título de profetisa teutônica.
Queridos amigos, este é o selo de uma autêntica experiência do Espírito Santo, fonte de todo carisma. A pessoa que é guardiã dos dons sobrenaturais nunca se vangloria deles, todo dom distribuído pelo Espírito Santo, de fato, é destinado à edificação da Igreja, e a Igreja, por meio de seus Pastores, reconhece sua autenticidade”.
Neste mesmo período iniciou o seu empenho na construção do mosteiro de Rupetesberg, depois de ter recebido a indicação numa visão de fundar o seu próprio convento, no local do túmulo de São Ruperto. Ela se mudou para a nova sede com cerca de vinte irmãs. Os primeiros anos foram marcados por inúmeras dificuldades e pobreza.
Finaliza a redação do Scivias, e recebe a aprovação do papa Eugenio com honra, declarando ele que o coração de Hildegarda era cheio da plenitude de Deus.
Continua a construção do novo mosteiro de Rupetesberg e Santa Hildegarda e suas filhas colaboram na execução do local, neste mesmo tempo Richardis Von Stade, uma monja amada por Santa Hildegarda e que muito contribui na redação do Scivias, é levada para outro mosteiro a contra gosto de Hildegarda. Em pouco tempo ela vem a óbito, causando grande dor a sua amiga, neste mesmo período finaliza-se a construção do mosteiro, e a abadessa muda-se com suas filhas para este novo local.
Hildegarda escreve, entre outras obras, o livro: PHYSICA: sutilidade das diversas naturezas das criaturas.
Hildegarda escreve: Livro dos méritos da vida (Líber Vitae Meritorum), o que alguns consideram como uma verdadeira psicoterapia Hildegardiana, ou a doutrina da vida cristã
Hildegarda inicia uma série de viagens. Neste período ela tinha por volta de sessenta anos, chega viajar grandes distancias. Com uma saúde debilitada, idade avançada e muitas monjas para cuidar, ela encontra forças para pregar e iniciar mais outras tantas obras a pedido da luz viva.
Escreve Liber Divinorum Operum, considerado um quadro da criação do mundo e do homem.
Escreve Liber Divinorum Operum, Envia à Abadia de Villers o manuscrito de cantos litúrgicos, a Symphonia, um manuscrito de cantos litúrgicos.
Em La Vita Sanctae Hildegards se encontra este relato: É grande e digno de maravilha o fato de que escrevia com prudência e humildade de coração, tudo o que via e ouvia em seu espírito. Dando importância e respeitando as palavras, relatando ao homem (Valmor) quem ela confiava.

Sua ida para a casa do pai
Hildegard morreu em 17 de setembro de 1179, aos 82 anos, no mosteiro de Rupertsberg que ela fundou. O secretário Gilbert de Gambleaux, que assumiu o lugar de Volmar após sua morte, descreve os últimos dias da vida de Hildegarda. Dizia que ela já se encontrava magra e com poucas forças, mas liderou o convento com esforço e amor até o último dia. Gambleaux diz que ela mesma chega para anunciar com antecedência o dia de sua morte. Ele descreve o que aconteceu neste dia:
“No céu, acima do quarto, onde, passada a noite, nas primeiras horas da madrugada, a bem-aventurada virgem entregou sua alma a Deus, apareceram dois arcos muito brilhantes de cores diferentes. Ocupavam um espaço muito grande e se estendiam em direção aos 4 pontos da terra, um de norte a sul e outro de leste a oeste. No ponto mais alto onde os dois arcos se encontravam, uma luz clara em forma de lua brilhava, brilhando ao longe e parecia dissipar a escuridão noturna do leito de morte. Nesta luz vimos uma cruz vermelha brilhante, pequena no início, mas depois cada vez maior, até atingir dimensões gigantescas”. Após o funeral do túmulo de Hildegard, um perfume maravilhoso sobe, que penetra na alma dos presentes.
50 anos após a sua morte, depois de tantos milagres e uma afluência constante de peregrinos, é feito o pedido de canonização do mosteiro de Rupertsberg.